Jorge Bucay,
médico e psicólogo argentino, em seu livro QUANDO ME CONHECI, afirma que uma
parte importante de todo o conhecimento adquirido ao longo da vida é
transmitida dos pais para os filhos.
Poderemos
chamar esta “educação de formal,” que é transmitida por meio de ordens, conselhos,
prêmios e castigos. A educação “não formal” é transmitida pelo que não é dito fundamental,
porque as crianças têm uma tendência natural de imitar o que vem, principalmente,
os exemplos dados pelos adultos.
Existe uma
outra forma de ensino que se transmite de geração para geração, incluindo o que
está contido em nosso material genético. Atualmente, os estudiosos do
comportamento humano reconhecem que existe um verdadeiro manancial de
informações que já fazem parte do nosso DNA, que colabora de forma incisiva,
juntamente com as influências emanadas de nossa sociedade, na montagem de
nossas estruturas morais, éticas e sociais.
Da mesma
forma, os nossos filhos terão a tarefa de levar o nosso legado além de onde
nossas limitações o deixaram. E seus futuros filhos terão o compromisso de
levar todos estes conhecimentos para gerações seguintes.
Em um mundo
expressamente competitivo, em que as mudanças são vertiginosas, todo este aprendizado
transmitido às novas gerações, cria uma condição singular de sobrevivência e perpetuação
da espécie humana.
Nós fomos
criados segundo a velha metáfora que dizia que educar não era dar o peixe, e
sim ensinar a pescar. Hoje, em dia este pensamento continua a vigorar como se
estivesse realmente adaptado aos novos tempos. Mas, na realidade, não está.
Se, por
exemplo, hoje eu der uma vara de pescar ao meu filho e o ensino a pescar, provavelmente,
em sua fase jovem, os meus ensinamentos relacionados ao assunto serão suficientes
para que ele possa até sobreviver com a arte da pesca.
No entanto,
em sua fase adulta, pode ser que não haja mais peixes para pescar, talvez, a
forma ensinada não seja mais adequada à captura dos mesmos.
Logo, penso
que a tarefa dos pais, neste momento, é ensinar os filhos a criar e construir
suas próprias ferramentas: fabricar sua própria vara, tecer sua própria rede,
inventar suas modalidades de pesca. Com isso, é necessário admitir com bastante
humildade que ensiná-lo a pescar não será suficiente para enfrentar os novos
desafios de um mundo em transição.
Esta
dificuldade dos pais em treinar os seus filhos para os problemas que
enfrentarão no século XXI está ficando cada vez mais evidente em função do
tempo em que o conhecimento humano se duplica. A diminuição progressiva do
tempo de duplicação, que atualmente é de cerca de 20 anos, é uma das causas das
crises existenciais entre pais e filhos.
Logo, por
mais que os tempos sejam de mudanças, não poderemos deixar de passar aos nossos
descendentes, um legado moral e ético em que o respeito e a honestidade sejam marcos
fundamentais na construção de uma nova sociedade.
Nota: Este artigo foi escrito por Carlos Luppus com adaptações do livro: Quando me conheci, de Jorge Buckay.
Nenhum comentário:
Postar um comentário