Artigo: A IMPORTÂNCIA DO CÓRTEX
PRÉ-FRONTAL NO CÉREBRO DO HOMEM DAS CAVERNAS.
Pelo olhar através das lentes da
neurociência, conclui-se a compreensão de que o cérebro humano é um milagre da
evolução recente. Voltando a cem mil anos na dimensão do tempo, o homem
apresenta o cérebro com o córtex
pré-frontal mais desenvolvido, sendo uma versão preliminar do cérebro moderno de hoje.
Nesta época tão distante, a vida era rude, selvagem e de curta duração. Para sobreviver, os seres humanos de movimentos lentos e anatomicamente frágeis em sua dimensão corporal diante de predadores rápidos e agressivos com suas indefesas presas, criaram um mecanismo de sobrevivência que os tornaram lentamente aptos diante da implacável seleção natural. Com as mãos desenvolveram e aperfeiçoaram instrumentos de uso cotidiano e armas para caçar presas para a sua alimentação, como também se defender de outros caçadores com extrema habilidade e eficácia. Dentro deste processo evolutivo, a traqueia humana desce para a garganta, permitindo expressões vocais mais diferenciadas, facilitando a comunicação e a evolução social da época.
Com o desenvolvimento de novos
mecanismos evolutivos, os hominídeos ascendem na cadeia alimentar à medida que
o nosso cérebro aumenta de volume e o crânio se expande, tornando o homem o
maior predador da escala biológica presente no planeta. Com o crescimento
cerebral, o homem precisou desenvolver mecanismos fisiológicos para melhor
suprir este órgão com maior suplemento de oxigênio, glicose e sangue (energia)
em relação à versão do cérebro primitivo.
O cérebro é órgão do corpo
humano que mais utiliza a sua energia, cerca de 20%, representando apenas 3% do
peso corporal.
À medida que o cérebro humano se expandiu
durante o seu processo evolutivo, a evolução da espécie desenvolveu alguns
ajustes, como por exemplo: se o crânio continuasse a crescer no mesmo ritmo do
cérebro, a cintura pélvica das mulheres precisaria ser tão larga que elas não
conseguiriam mais correr. De forma compensatória, a mãe natureza, atuou no
sentido de melhor adaptar à espécie humana ao seu meio, permitindo que o
cérebro se dobrasse sobre si mesmo, criando dobras e sulcos para se conter
dentro do crânio; ao mesmo tempo, permitiu que os bebês nascessem quando a sua
cabeça é pequena o suficiente para passar pela pelve da mãe. Em contrapartida,
em função deste pequeno tamanho cerebral, as crianças passaram a nascer indefesas
e dependentes totalmente da mãe.
O cérebro humano à medida que
cresceu e se tornou mais complexo nos diferenciou de todos os outros animais
sobre a face da Terra, nos conferindo habilidades extraordinárias, como o
pensamento linear e a capacidade de desenvolver uma linguagem sofisticada e
interativa entre a espécie, de compreender os símbolos e metáforas, de produzir
e entender cálculos matemáticos e de permitir a nossa comunicação com alegria,
objetividade e sentido coletivo.
Como os seres humanos exercem as
suas funções laborativas em pequenos grupos sociais, a natureza privilegiou a
espécie com uma inteligência cada vez mais sofisticada até que o cérebro, há aproximadamente cem mil anos atrás atingiu
o tamanho e configuração anatômica atual. Muito bem adaptado às necessidades
sociais e ambientais da espécie, o cérebro
humano continua alerta aos predadores, sempre em busca de comida, calor,
proteção, abrigo e seleção de parceiros sexuais adequados para a formação da
prole e perpetuação da espécie.
Com o desenvolvimento do cérebro,
o córtex pré-frontal (a sua parte
mais desenvolvida) começou a reger a sinfonia da vida da espécie humana como a
habilidade na caça, o cultivo e armazenamento de alimentos, o desenvolvimento
de comportamentos adequados para viver
em sociedade e alternar tarefas.
Nota: Este texto foi escrito por Carlos
Luppus com adaptações do livro: Cérebro
Consumista, do Dr. A. K. Pradeep.
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