domingo, 4 de setembro de 2016

Artigo: A IMPORTÂNCIA DO CÓRTEX PRÉ-FRONTAL NO CÉREBRO DO HOMEM DAS CAVERNAS.

               Pelo olhar através das lentes da neurociência, conclui-se a compreensão de que o cérebro humano é um milagre da evolução recente. Voltando a cem mil anos na dimensão do tempo, o homem apresenta o cérebro com o córtex pré-frontal mais desenvolvido, sendo uma versão preliminar do cérebro  moderno de hoje.


Linha evolucionária humana
             

               Nesta época tão distante, a vida era rude, selvagem e de curta duração. Para sobreviver, os seres humanos de movimentos lentos e anatomicamente frágeis em sua dimensão corporal diante de predadores rápidos e agressivos com suas indefesas presas, criaram um mecanismo de sobrevivência que os tornaram lentamente aptos diante da implacável seleção natural. Com as mãos desenvolveram  e aperfeiçoaram instrumentos de uso cotidiano e armas para caçar presas para a sua alimentação, como também se defender de outros caçadores com extrema habilidade e eficácia. Dentro deste processo evolutivo, a traqueia humana desce para a garganta, permitindo expressões vocais mais diferenciadas, facilitando a comunicação e a evolução social da época.
               Com o desenvolvimento de novos mecanismos evolutivos, os hominídeos ascendem na cadeia alimentar à medida que o nosso cérebro aumenta de volume e o crânio se expande, tornando o homem o maior predador da escala biológica presente no planeta. Com o crescimento cerebral, o homem precisou desenvolver mecanismos fisiológicos para melhor suprir este órgão com maior suplemento de oxigênio, glicose e sangue (energia) em relação à versão do cérebro primitivo.

               O cérebro é órgão do corpo humano que mais utiliza a sua energia, cerca de 20%, representando apenas 3% do peso corporal.
           
                À medida que o cérebro humano se expandiu durante o seu processo evolutivo, a evolução da espécie desenvolveu alguns ajustes, como por exemplo: se o crânio continuasse a crescer no mesmo ritmo do cérebro, a cintura pélvica das mulheres precisaria ser tão larga que elas não conseguiriam mais correr. De forma compensatória, a mãe natureza, atuou no sentido de melhor adaptar à espécie humana ao seu meio, permitindo que o cérebro se dobrasse sobre si mesmo, criando dobras e sulcos para se conter dentro do crânio; ao mesmo tempo, permitiu que os bebês nascessem quando a sua cabeça é pequena o suficiente para passar pela pelve da mãe. Em contrapartida, em função deste pequeno tamanho cerebral, as crianças passaram a nascer indefesas e dependentes totalmente da mãe.

               O cérebro humano à medida que cresceu e se tornou mais complexo nos diferenciou de todos os outros animais sobre a face da Terra, nos conferindo habilidades extraordinárias, como o pensamento linear e a capacidade de desenvolver uma linguagem sofisticada e interativa entre a espécie, de compreender os símbolos e metáforas, de produzir e entender cálculos matemáticos e de permitir a nossa comunicação com alegria, objetividade e sentido coletivo.

               Como os seres humanos exercem as suas funções laborativas em pequenos grupos sociais, a natureza privilegiou a espécie com uma inteligência cada vez mais sofisticada até que o cérebro,  há aproximadamente cem mil anos atrás atingiu o tamanho e configuração anatômica atual. Muito bem adaptado às necessidades sociais e ambientais da espécie, o cérebro humano continua alerta aos predadores, sempre em busca de comida, calor, proteção, abrigo e seleção de parceiros sexuais adequados para a formação da prole e perpetuação da espécie.

              Com o desenvolvimento do cérebro, o córtex pré-frontal (a sua parte mais desenvolvida) começou a reger a sinfonia da vida da espécie humana como a habilidade na caça, o cultivo e armazenamento de alimentos, o desenvolvimento de  comportamentos adequados para viver em sociedade e alternar tarefas.

Nota: Este texto foi escrito por Carlos Luppus com adaptações do livro: Cérebro Consumista, do Dr. A. K. Pradeep.



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